CONHEÇA ITACAMBIRA
Escondida entre as serras do Mirante e Resplandescente, está localizada a cidade de Itacambira. O pequeno município de pouco mais de 5.400 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o retrato de boa parte das pequenas cidades mineiras: pacata, acolhedora e detentora de uma rica cultura.
Situada a 100km de Montes Claros e a cerca de 460km de Belo Horizonte, Itacambira é hoje um dos principais destinos de turistas no Norte de Minas, que em sua maioria vão até a cidade para conhecer a famosa Cachoeira do Curiango, local que já chegou a receber mais de 500 pessoas em um único dia.
Reconhecida por sua preservação, e pela água escura e gelada que muitos acreditam possuir propriedades medicinais, a cachoeira está localizada em uma Reserva de Proteção Ambiental (RPA). Em virtude da pandemia do novo coronavírus, o ponto turístico precisou ser fechado para visitação, medida adotada pela Prefeitura Municipal para conter a propagação do vírus.
A cidade norte-mineira também carrega em sua história um mistério que até hoje intriga os moradores. Na década de 1950, o rompimento do piso de madeira da Igreja Matriz de Santo Antônio, erguida há mais de três séculos e tombada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), revelou a existência de um porão onde foi encontrado centenas de corpos mumificados de homens, mulheres e crianças.
Até hoje ninguém sabe ao certo de quem são os restos mortais, que em grande maioria ainda conservavam parte da pele, fios de cabelos e vestimentas. Há quem diga que a cidade não tinha cemitério e os corpos dos moradores eram enterrados debaixo da igreja; outros já acham que os esqueletos são dos escravos que construíram o templo religioso, teorias essas que até hoje não foram comprovadas.
Mas não é só de mistérios e turismo que Itacambira é constituída, o município carrega em sua história, tradições antigas que não se perderam com tempo, como a Folia de Reis, um ato popular que procura rememorar a jornada dos reis magos a partir do momento em que eles recebem o aviso do nascimento de Jesus, até a hora em que encontram o Deus-menino.
O lavrador, Celmo Cardoso, hoje com 50 anos, conta que a tradição da folia é uma herança que herdou dos pais, e que desde que era pequeno já acompanhava os ternos de folia pela região. “Com oito anos de idade eu já foliava. É uma tradição que passou dos meus avós para os meus pais, que passou para mim e que agora quero passar para essa juventude, pois não podemos deixar acabar algo tão importante como a folia de reis”, destaca.
Tendo como padroeiro da cidade, Santo Antônio, todos os anos no mês de junho, os fiéis católicos se unem na realização da Festa Religiosa, um marco de fé e devoção que reúne pessoas de todo o município, além de visitantes e ex-moradores que voltam à terra natal para comemorar a festa do santo.
No mês de julho, a cidade deixa de lado a calmaria e tranquilidade, dando espaço para a agitação. É que nesse mês, ocorre a tradicional Festa Cultural, um evento de três dias que além de fomentar a economia local, ainda proporciona aos moradores um momento de felicidade e diversão, fugindo da rotina pacata do dia-a-dia.
Com seus mistérios, cultura, tradições e costumes, Itacambira vai resistindo ao tempo, tendo o sossego como característica e a hospitalidade de seus habitantes como marco principal. A cidade que parecia estar parada no tempo, hoje volta a se desenvolver e a trazer alegria para um povo que por muitos anos viveu nas margens do esquecimento.